Marta Soares encerra o projeto Feminino Informe com O BANHO em seis apresentações no SESC Ipiranga

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Para encerrar o projeto de circulação e criação Feminino Informe, a bailarina, performer e coreógrafa Marta Soares apresenta o espetáculo solo O BANHO no SESC Ipiranga, entre 22 de novembro e 2 de dezembro, no AUDITÓRIO do Sesc Ipiranga, na rua  Bom Pastor, 822 – Ipiranga.A instalação coreográfica “O Banho” é uma reflexão sobre as questões propostas pela vida de Dona Sebastiana de Mello Freire, Dona Yayá. Mulher da elite paulistana que ao ser diagnosticada doente mental teve a sua casa no bairro da Bela Vista, São Paulo, parcialmente transformada em um hospital psiquiátrico privado e nela permaneceu isolada por ordens medicas entre 1919 e 1961.

“O Banho” não tem como foco a doença mental de Dona Yayá e não é uma narrativa linear sobre a sua vida. Mas, coloca a questão: qual seria a subjetividade dessa mulher que, quando isolada, teve todos os vestígios que lhe remetiam a sua vida anterior retirados, e mesmo assim sobreviveu por quarenta anos? A instalação coreográfica “O Banho” é composta por elementos de dança, performance e vídeo, cujas imagens realizadas na casa da Dona Yayá, na sua maioria a partir dos reflexos do solarium de vidro, remetem a passagem do tempo e a dissolução do corpo em uma reflexão sobre a sua efemeridade.

Durante a apresentação o corpo da performer permanece imerso em uma banheira–casa, movendo-se em limitado espaço e ilimitado tempo, suspenso pelo ponto no qual encontra-se entre vida e morte. Em uma referência aos experimentos realizados pelo médico Jean-Martin Charcot, no hospital Salpêtrière em Paris, com pacientes histéricas, os quais eram abertos a um público especializado e consistiam de repetitivos ataques induzidos nas pacientes que hoje podem ser analisados como performances teatrais. “O Banho” é sobretudo um ritual de limpeza, cura e uma homenagem a Dona Yayá e as mulheres que viveram ou vivem situações semelhantes a dela e resistem.

Trajetória do projeto

O projeto Feminino Informe já apresentou o solo de dança Les Poupées e as duas versões de Bondagesna cúpula do Theatro Municipal de São Paulo. A programação tem o apoio do 35º Programa de Fomento a Dança, que consiste na manutenção do seu núcleo artístico com a circulação de quatro espetáculos, em 24 apresentações com ingressos gratuitos ou preços populares. Depois da versão solo, a artista estreia Bondages em versão trio, de 15 a 20 de novembro, na Cúpula do Theatro Municipal de SP.  Prêmio APCA 2004, O Banho encerra o projeto da artista com seis apresentações no SESC Ipiranga, entre 22 de novembro e 2 de dezembro.

Ficha Técnica “O Banho”

Concepção/Direção – Marta Soares. Performance – Marta Soares. Desenho de Som – Lívio Tragtenberg. Desenho de Luz – Wagner Pinto. Edição e Finalização do Vídeo – Leandro Lima. Produção – CAIS Produção Cultural. José Renato F. de Almeida e Beto de Faria. Realizado com o apoio do 35º Programa de Fomento a Dança. Recebeu o Prêmio APCA 2004. Duração: 50 minutos. Classificação: livre.

Sobre Marta Soares

Marta Soares é dançarina, performer e coreógrafa. Completou o One Year Course no Laban Centre for Movement and Dance em Londres. Em Nova Iorque completou o Bacharelado em Artes (BA) na State University of New York (SUNY), o Certificado em Análise de Movimento Laban (CMA) no Laban/Bartenieff Institute of Movement Studies (LIMS). Estudou e trabalhou com a diretora e dramaturga Lee Nagrin (fundadora do grupo “The House” dirigido por Meredith Monk  e ganhadora do Prêmio OBIE em dramaturgia) como também nas escolas Movement Research , Susan Klein , Alwin Nickolais entre outras. Recebeu a Bolsa para artistas da Fundação Japão através da qual estudou dança butô com Kazuo Ohno em Tóquio, Bolsa para Pesquisa e Criação Artística da John Simon Guggenheim Foundation. E, foi Artista em Foco na Mostra Internacional de Teatro (MIT) em 2019.

No Brasil criou entre outros o solo “Les Poupées” (Prêmio APCA 1997); o trabalho em grupo “Formless”; o solo “O Homem de Jasmim” (Prêmio APCA 2000); a instalação coreográfica “O Banho” (Prêmio APCA 2004), o trabalho em grupo “Um corpo que não agüenta mais”; a instalação coreográfica  “Vestígios” (indicada ao Prêmio da Revista BRAVO! e  ganhadora do Prêmio APCA 2010), o trabalho site específico “Deslocamentos”, o solo “Bondages” (indicado ao Prêmio da Revista Bravo! e ganhador do Prêmio Denilto Gomes 2017). Os seus trabalhos foram apresentados em festivais internacionais entre os quais destacam-se: Festival Temps d’Images na França; Festival Queer Zagreb na Croácia;  Festival Europália na Bélgica; Festival In Transit na Alemanha; Festival Proximamente na Bélgica e Festival Dias de Dança em Portugal. E, em festivais nacionais como Fórum Internacional de Dança de Belo Horizonte (FID),  Festival Panorama Rio Arte de Dança, Festival Porto Alegre Em Cena, Festival Internacional de Dança de Recife, Bienal Internacional de Dança do Ceará, Festival de Dança de Joinville, Bienais de Dança dos SESC em Santos e Campinas. Marta Soares é mestre em Comunicação e Semiótica e doutora em Psicologia Clínica  pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

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