Unindo sonhos, música, vídeo e dança, Autoexame de Corpo de Delito estreia no dia 20 de setembro no TUSP

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Com atuação e dramaturgia de Lucienne Guedes, encenação de Eliana Monteiro e músicas de Daniel Maudonnet, espetáculo leva à cena narrativas oníricas de Walter Benjamin e da própria dramaturga, além de canções originais.

Uma espécie de máquina de sonhar que cria uma cena política de encantamento, Autoexame de Corpo de Delito é uma experiência que explora o universo dos sonhos a partir da mistura de diferentes linguagens artísticas. O espetáculo tem sua temporada de estreia no TUSP – Teatro da USP, do Centro MariAntonia, de 20 de setembro a 27 de outubro, com sessões às sextas e aos sábados, às 20h, e aos domingos, às 18h.

A partir de ideia original e dramaturgia da atriz Lucienne Guedes, a montagem tem encenação de Eliana Monteiro. Em cena estão a própria atriz e o pianista Daniel Maudonnet, compositor das músicas originais.

No momento histórico em que vivemos, repletos de informações terríveis sobre as incessantes guerras, a destruição da natureza, as disputas por poder e o avanço de ideias autoritárias e extremistas, conseguir pensar de outras maneiras e ampliar o universo existencial virou necessidade de sobrevivência.

Para o neurocientista brasileiro Sidarta Ribeiro, em seu livro O Oráculo da Noite, “o sonho acontece no alheamento da realidade para imaginar o que poderia ser”. Foi a partir dessa importância dos sonhos na elaboração do mundo, feita por todos nós durante a noite, que a dramaturgia se desenvolveu.

Também foi um desafio imaginar um tipo de espetáculo que fosse tão encantador quanto os sonhos são. A dramaturgia traz narrativas de sonhos que são alternadas com as canções, compostas especialmente para a peça.

Além dos sonhos escritos por Lucienne Guedes, foram escolhidos também alguns da obra do filósofo alemão Walter Benjamin. Ele viveu na Alemanha nos anos entre a Primeira e da Segunda Guerras Mundiais, num contexto de destruição que muito pode se assemelhar ao nosso, sobretudo quanto à dificuldade em vislumbrar tempos melhores.

As músicas têm autoria de Daniel Maudonnet e letras de Lucienne Guedes. Logo no início do processo de criação, a atriz e dramaturga convidou o músico para estruturar sonoramente o universo do espetáculo. O neurologista inglês Oliver Sacks, em seu livro Alucinações musicais, afirma que “nós, humanos, somos uma espécie musical, além de linguística”. Ele ainda explica que a música é, ao mesmo tempo, tão fácil de entender e tão inexplicável, e reproduz as emoções mais íntimas do nosso ser, mas sem a realidade e distantes da dor. Assim, sonhos e músicas, duas capacidades irmãs dos seres humanos, trabalham juntas na peça Autoexame de Corpo de Delito.

Para a diretora Eliana Monteiro, a peça é uma experiência criada para que as pessoas se conectem com seus próprios sonhos, de maneira coletiva, e então despertem para encarar a realidade. “Tentam tirar o nosso tempo de sono e, consequentemente, de sonho para que estejamos anestesiados, sem sentir ou compreender o que somos ou desejamos. Recompor o sonho como parte de nossa existência é demarcar os contornos daquilo que nos humaniza e não pode ser tolhido”, afirma a encenadora. Sem separação física entre a atriz, o pianista e o público, a sala de concertos do Centro MariAntonia – TUSP se torna um espaço imersivo e onírico.

A peça dá continuidade à parceria entre a encenadora e a atriz e dramaturga. Elas já trabalharam juntas em peças do Teatro da Vertigem e outras, como em A Última Palavra é a Penúltima 2.0 (2014), Enquanto Ela Dormia (2017) e Na Solidão dos Campos de Algodão (2022), entre outros trabalhos.

A equipe criativa tem ainda Aline Santini na iluminação, Bianca Turner nos vídeos, Claudia Schapira no figurino e Irupé Sarmiento na direção de movimento.

Sinopse

A peça é feita de narrativas de sonhos e de canções originais. Duas pessoas – a mulher que canta e o músico – são figuras de um mundo onírico, paralelo ao mundo real. Eles aparecem numa espécie de sala de concerto, transformando-a num espaço de fronteira entre a vigília e o sonho. O público, convidado a mergulhar em seus próprios sonhos, se dispõe em meio à música e a ação da atriz.

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